terça-feira, 24 de março de 2009

fragmento

teus olhos lembram sempre aqueles velhos faróis. no fim da tarde, quando a noite começa a ensaiar sua dança azul marinho no rito de passagem das estrelas, os vejo bem melhor. sinto uma saudade profunda e me vejo roubado pela luz. é assustadora a nitidez com que a vida me passa inteira diante dos olhos, chega a me tirar do chão. sinto um tênue fio a me segurar na beira de um abismo. arrumo sempre a desculpa boba de que estou quase a cair para segurar tua mão. isso me conforta e silencia algumas dores. mas sempre quando olhas para o lado você a solta, então eu caio em meio a vastidão do mundo, no desamparo de não ser. mesmo quando vais embora é sempre você esse peito morno onde adormeço, esse corpo que navego sem a previsão de fim. e mesmo quando a palavra falta, você sempre dá um jeito de inventar braços e viajar até o meu mundo para me abraçar.

5 comentários:

Luciana Brito disse...

Texto tão bonito... prosa poética em cada palavra.

Alguém que só "é" quando está seguro pelo ser de outra pessoa. Relação íntima de segurança

"eu caio em meio a vastidão do mundo, no desamparo de não ser. mesmo quando vais embora é sempre você esse peito morno onde adormeço"


Lindo *-*

Beijos moço.

Ana Paula Borges Pereira disse...

Lindo isso Paulo...=)
Puro sentimento...^^

Menino Dieke disse...

Nossa quanto romantismo!! Um amor faz assim!!! Eleva-nos ao mais alto de todos os sentimentos, nos leva ao extremo, nos tira do mais e nos coloca no menos da simplicidade, das pequenas coisas... Enfim.

Flávia disse...

nossa! como me senti bem aqui.
lindo blog,lindo texto.

ASAS disse...

Lindo seu poema, é como se as palavras entrassem todas nos sentidos da alma...

bjus a ti